Foto: Marcelo Oliveira (Diário)/
"O Lar se mantém graças ao amor das pessoas. Aqui, há mulheres que ninguém quer ou ninguém vê. Há pessoas que passaram a vida servindo aos outros de diferentes jeitos. Há professoras, empregadas domésticas, andarilhas, prostitutas e as que viviam sozinhas e se viram desamparadas na velhice. Cuidar idosos é uma tarefa difícil e desafiadora até quando se trata dos nossos próprios familiares, imagina com pessoas que tiveram uma vida de perdas e de restrição. Por isso, o parabéns é para idosas, para nossos funcionários, colaboradores e toda sociedade."
O relato acima, proferido pela enfermeira e vice-presidente de Lar da Vovozinhas, Liliane Mello Duarte, faz homenagem e tenta resumir o que não cabe palavras e passa pelos 75 anos de história de uma instituição que chegou até aqui alicerçada na dedicação, no amor e na filantropia. O aniversário, celebrado no último sábado, 16 de outubro, foi comorado com uma programação que incluiu drive-in solidário, palestras e missa.
_ Vim aqui pelo convite de uma irmã e depois em engajei. Já trabalhei na direção e, antes de estar em um cargo, sempre fui voluntário. Ajudo na coleta de alimentos e já trabalhei na jardinagem. Esse olhar dela é o que mais tem me marcado. São seres humanos com sensibilidade, necessidade de atenção e a gente chega e recebe isso. _ afirma o professor aposentado Gilberto Antônio Benetti, voluntário há sete anos.
Blitz do Santa Maria Sem Fome arrecada alimentos na manhã deste sábado
Atualmente o local abriga 131 mulheres e sobrevive de festas anuais, campanhas solidárias e de ações voluntárias de toda comunidade. Cerca de 80 % são de Santa Maria.
_ É uma gratidão chegar todos os dias e receber um abraço. Quando estamos de folga, ficamos pensando nelas, pois somos a família delas - conta a técnica em enfermagem Loana Paz Stein, 39 anos, que está há apenas 10 meses no local, mas já estabeleceu uma forte relação com as vós. A propósito, Loana chegou em meio à pandemia, uma das travessias mais duras enfrentadas pela instituição, que teve de conviver com o isolamento, a interrupção das visitas e de diversas atividades além da perda de quatro idosas.
style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">O afastamento e saudade de familiares ou amigos foi sentido pela aposentada Maria de Oliveira Dias, 75 anos. A idosa que tem a mesma idade da instituição chegou ao Lar depois de expressar o próprio desejo de viver na companhia de outras mulheres e na confiança que ali seria bem acolhida. Esbanjando vaidade, dona Maria conta que tem uma rotina que inclui tricô e momentos de oração. Mas, o principal é a convivência e fortalecimento da amizade com outras mulheres e com os próprios colaboradores:
VÍDEO: 'quando começou a pandemia, o lar foi entristecendo', diz enfermeira de instituição
_ Arrumei uma cuidadora e não deu certo. Conversei com minha filha, que é casada e acabava tendo de posar comigo e também tem a família dela. Decidi que viria para cá. Para matar a saudade, os filhos ligam e quando podem vêm me ver, pois as visitas estão suspensas, mas eles são muito presentes. Aqui recebemos muita atenção e carinho _ conta a idosa, que se emociona ao falar das cuidadoras, dos profissionais de saúde e limpeza e de todos com quem tem compartilhado os dias
POR MAIS 75 ANOS
Entre parabenizações, agradecimentos e incontáveis lembranças, o maior pedido de aniversário segue sendo a generosidade da comunidade. Isso porque é preciso dizer que para manter cada vó, o investimento é de R$ 2,5 mil a 3 mil. Diariamente, são consumidos 100 litros de leite e utilizadas 500 fraldas geriátricas. Por mês, a medicação destinada às idosas se materializa em 24 mil comprimidos.
_ Uma vida não tem preço, mas tem custo e manter o Lar funcionando é extremamente caro, pois temos funcionários que precisam e merecem de salário, assim como as vós de cuidado. Se hoje o Lar existe com todas essas vós é porque a sociedade de Santa Maria cuida delas. E nos nossos 75 anos a gente conseguiu ver que se nos unirmos vamos nos manter por mais 75 _ anseia Liliane.
No site do Lar das Vovozinhas é possível ver todas as formas de ajudar
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Foto: Marcelo Oliveira (Diário)
História
A Associação Amparo e Providência Las das Vovozinhas foi fundada em 16 de Outubro de 1946, pelo Diácomo Constantino Cordióli. A instituição teve sua primeira sede em um casebre de chão batido, na Avenida Borges de Medeiros, n° 701. Inicialmente, com quatro moradoras,. Após dois anos, já contava com dezessete moradoras e se mantinha com a aposentadoria de professor de Constantino e algumas doações. O trabalho filantrópico foi reconhecido pela sociedade.
Em 1950, recebeu a Medalha de Honra ao Mérito e a doação de 16 mil cruzeiros, pela Esso do Brasil. O valor recebido foi investido em tábuas para a construção da nova sede da Entidade, localizada na Rua Ângelo Bolson, n°1250. O terreno foi doado pelo Poder Executivo Municipal e é o endereço em que a Instituição permanece até Hoje. Atualmente, é considerado o maior asilo feminino do Brasil. Após a certificação do ISO 9001/2015, por meio da Ação Social da Det Norske Veritas - DNV, tornou-se a primeira instituição filantrópica certificada no Rio Grande do Sul, com o selo de referência em gestão. O local abriga 131 idosas e sobrevive de festas anuais, campanhas solidárias e de ações voluntárias de toda comunidade.
10 momentos marcantes na história do Lar
- Fundação por seu Diácono Constantino Cordióli em 16 de outubro de 1946
- Realizada a 1ª festa anual do Lar das Vovozinhas em 1961
- A chegada das irmãs da congregação Filhas de Santa Maria da Providência em 22 de janeiro de 1992
- A Capela Santa Rita de Cássia teve sua pedra fundamental em 199
- Xuxa veio ao Lar das Vovozinhas para realizar a entrega de uma ambulância, através do projeto Papa-Tudo em 1997
- A capela foi inaugurada no Dia do Idoso, em 1º de outubro de 199
- O Lar recebeu a certificação da ISO 9001, que representa garantia de qualidade em todos os setores e, principalmente na vida das moradoras em 2005
- Projeto Tudo de Cor da Coral proporcionou pinturas no Lar em 2019
- Por meio do projeto Solidarize-se foi possível a troca das cadeiras dos 4 refeitórios, aquisição de filtros, lixeiras com tampas e contêineres a partir de 2020
- Foi viabilizado Plano de Proteção Contra Incêndio (PPCI) por meio do Fundo para Reconciliação de Bens Lesados em 2021